sábado, 11 de junho de 2011

A moça do vestido azul


A moça do vestido azul (da autora Gaynor Arnold, Ed.Record, 2011 - Título original: Girl in a blue dress) conta a história fictícia do casamento do grande romancista inglês Charles Dickens e sua esposa Catherine. Porém aqui eles têm os nomes de Dorothea e Alfred Gibson: Dodô, como ela é chamada carinhosamente, se apaixona por Alfred, um jovem em início de carreira literária. Advertida por seus pais sobre a enorme diferença social, Dodô resolve seguir em frente, e não se arrepende, pois Alfred trabalha muito e em pouco tempo consegue dar à ela a vida burguesa vitoriana à qual estava acostumada.


Logo vem os filhos; 8 filhos em curto espaço de tempo, sem contar os abortos e mortes na infância... Alfred, continuamente reverenciado pelo público inglês, torna-se cada vez mais egocêntrico e ausente de casa, culpando Dodô por não lhe dar o suporte necessário e por ter lhe dado tantos filhos, sempre dependendo das irmãs dela e empregados por não dar conta dos serviços domésticos. O afastamento natural e o desinteresse pela esposa que ganhou muito peso ao longo dos anos, levam Alfred a pedir o divórcio, algo impensável em plena Era Vitoriana, quando o casamento era considerado sagrado.

O que levou a escritora Gaynor Arnold a ter interesse por esse tema foi saber de uma história real: a ex-esposa de Dickens, Catherine, em seu leito de morte, entregou à filha Kate um pacote de cartas para que ela as publicasse, "para que o mundo saiba que um dia ele me amou":

File:Catherine Hogarth-oil.jpg
Catherine Dickens, retratada por Daniel Maclise em 1847 (ela tinha 32 anos). Na vida real ela deu a Dickens 10 filhos em 13 anos...ufa! Mas isso era muito comum nessa época (é só lembrar que a prória Rainha Vitória teve 8 filhos com o príncipe Albert!), como diz o estudioso da Era Vitoriana Daniel Pool em seu livro What Jane Austen ate and Charles Dickens knew:

"As mulheres geralmente chegavam a suas noites de núpcias ignorantes e aterrorizadas. A falta de um controle de natalidade eficaz, além do coitus interruptus ou amamentação significava gravidez constante, que somada aos cansaços da própria gravidez, significava ter muitas crianças para criar e tomar de conta. Além disso, o risco de morrer no parto era de 1 para 200 em 1870. O fato de que a lei permitia ao homem ter acesso ao corpo da mulher com o desejo desta ou não, também não a deixava numa posição muito confortável" (1993, p.187 - tradução minha)
E o que dizer do divórcio?

"Feliz ou infeliz um casamento era difícil de se dissolver. Até 1857 os divórcios eram assuntos exclusivos da Igreja Anglicana [...] Se você tivesse argumentos legais, os procedimentos eram muito caros, principalmente se você solicitasse uma permissão para se casar novamente." (POOL, 1993, p. 185)

Para quem quiser se aprofundar na Victorian Age, leia:

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Ou assista o filme A jovem Vitoria (Young Victoria, 2009):


#voltaaotempo

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