sábado, 5 de maio de 2012

Refletindo com John Steinbeck


John Steinbeck (1902-1968) é um dos grandes escritores da Literatura Norte - Americana por usar, como eixo norteador em sua obra, a denúncia social. Estamos falando aqui da situação do trabalhador americano em uma época não tão gloriosa para os EUA: quando a crença absoluta no capitalismo cai por terra a partir do crash da Bolsa de Valores de New York, em 1929, o que resulta nos anos seguintes na chamada Grande Depressão e em uma tremenda escassez de emprego em todo o país. Steinbeck destrói para nós, leitores, o tal do American dream como poucos...E suas histórias de gente simples, esperançosa, têm conquistado muitos seguidores...



Mais conhecido pelo romance As vinhas da ira (The grapes of wrath) e pela novela literária Ratos e Homens (Of mice and men - foi com essa que ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1962), peço licença aqui para comentar minha leitura preferida de Steinbeck: A leste do Éden (East of Eden, 1952):


Quem bem conhece Steinbeck sabe que ele não abandona a localização geográfica que mais conhece, o Vale do rio Salinas no estado da Califórnia - oeste americano - região paradoxal de fartura e pobreza: fartura nas cidades que margeiam o rio, grandes produtoras de feijão, alface, laranjas e pêssegos; pobreza nas cidades que se afastam do rio, com um solo e clima áridos que não permitem uma sobrevivência digna, mas que o homem teima em se fixar ali. Nesse contexto de saga conhecemos aos poucos duas famílias bem diferentes, os Trasks e os Hamiltons, que em um determinado momento da trama se encontram nos laços de uma bonita e fiel amizade protagonizada pelas personagens Adam Trask e Joe Hamilton.


Mas o mote explorado no romance é a questão da maldade, apresentada aqui na figura angelical de uma mulher fria e calculista que engana a todos para ter o que quer. A análise da personagem Kate é explorada a exaustão na obra sempre deixando implícito a seguinte pergunta: já nascemos com a maldade na alma? Pois ela mente, rouba e mata com a mesma frieza que abandona os filhos logo após parí-los. Sem contar sua trajetória de perversidade desde a infância, que culmina momentaneamente no assassinato dos pais. Quem desconfiará de um rosto inocente? Bem, o autor tenta explicar utilizando seus embasamentos na Psicologia, Filosofia, Sociologia e História até trazer a Religião à tona. Daí o título da obra, observado também na escolha dos nomes das personagens.

Pouco tempo após sua publicação, A Leste do Éden foi adaptada para o cinema em 1955, tendo o lendário ator James Dean no papel do atormentado Cal Trask - que descobre que sua mãe, Kate, está bem viva ao contrário do que lhe disseram e é dona de um grande bordel. Mas o filme perde feio pra obra em si, até porque como disse antes, o romance é uma saga, é bem extenso e a película só retrata a parte final da história. Para o espectador, é um grande filme; para o leitor, é frustrante.


A personagem Caleb Trask, filho abandonado de Kate, meio rejeitado pelo pai Adam, rival do irmão gêmeo Aaron, reflete bem a teoria determinista: quando descobre de quem é filho, tenta justificar/se aceitar como pessoa má, não merecedora das coisas boas que a vida nos traz, como por exemplo o amor.



 Mas então o que nos define? Essa é outra pergunta que fica...além da eterna busca pelo conforto da crença em Deus - semelhantes ao Pai e tementes a ele, por que erramos tanto? Como nos aceitar se não entendemos que somos/ vivemos sempre em dualidade, tentando encontrar o melhor caminho para a redenção? 

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