domingo, 15 de janeiro de 2017

Pausa poética: Soneto 121 - William Shakespeare

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Soneto 121

É melhor ser vil do que vil considerado,
Quando não se é, e ser repreendido por sê-lo,
E o prazer justo perdido, que é tão caro
Não por nós, mas pela opinião alheia.
Por que a visão falsa e adulterada dos outros
Deve julgar o meu sangue ardente?
Ou minhas fraquezas, enquanto o mais fraco espia,
Que por eles seja mau o que acredito bom?
Não, eu sou quem sou, e eles que julgam
Meus erros reconhecem em mim apenas os deles;
Posso ser reto, embora eles sejam tortos;
Diante desses pensamentos, meus atos se ocultam,
A menos que esse mal geral que eles mantêm:
Todos são maus e em sua maldade reinam.
(trad. aqui)

Pra quem não sabe, Shakespeare escreveu 154 sonetos, dos quais alguns são bens famosos, dada a extrema consonância com os tempos tortos em que vivemos. E o soneto 121 é um deles - que fala sobre as injustiças do mundo e de como somos julgados pelos olhos tortos dessas pessoas. Não importa como fazemos o bem ou agimos de forma correta; para algumas pessoas sempre estaremos errados - pois elas nos julgam por seus próprios atos.

Observamos aqui pela própria ótica renascentista que o eu poético pensa e analisa o mundo à sua volta, e o ato de cogitar revela a ânsia de entender as razões de tantas incongruências - deve-se questioná-las, para o bem ou para o mal. Tampouco somos vítimas ou vilões; somos humanos, cheios de falhas. Então por que tantos dedos apontados para nós se todos são passíveis de falhas?

É ruim ter seus atos julgados por quem não tem moral para apontar o caminho correto. É importante lembrar também que o julgamento dos outros sobre nós não deve ter força para anular nossa essência, quem somos de verdade. Por isso gosto muito desse trecho: "Eu sou quem sou" (I am that I am) e isso basta. Se de fato nos conhecemos, apesar de nosso atos se perderem no julgamento podre dos "tortos" que presidem a sociedade, ainda assim o mal que reina pode ser combatido. Ainda que todos sejam "maus e em sua maldade reinam".


2 comentários:

  1. Excelente!!! Não esqueço quando apresentou os sonetos..... E o 121 desperta memórias!!!

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    1. Minha querida Ceres, que bom que gostou da reflexão!!! Shakespeare é atemporal, e vc sabe, sou apaixonada por ele rsss! Beijos!

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